segunda-feira, 23 de junho de 2025

Além da tela e do papel

 


Enquanto arrumo as letras limpo meu coração,

Faço faxina na vida

Tirando pensamentos das sombras das gavetas,

Arejando armários de sentimentos,

Revirando cabides de acontecimentos,

Fatos presentes e passados,

Desvelando as fronteiras entre a dor e o prazer,

O sentir e o saber.


Quero conhecer mais, melhor, 

A linguagem  que só o coração sabe falar...

E colocar a alma em palavras, 

Na língua dos homens.


Quero dar cuidados a tudo que penso e que sinto,

Fazer valer ouro meu mundo de ideias e emoções.


É preciso coragem para expor a alma.

Há que se ter delicadeza em dedilhá-la.


Então, enquanto deslizo por sentenças

Faço orações subordinadas, adjetivas,

Aprumando as palavras em sua majestade.


Convido você a vir comigo

E a viVER teores e as cores da poesia,

A preencher espaços da vida mundana que aprisiona,

Costurando pedacinhos de céu.


Põe perfume em seu dia !... 

Põe poesia !

Faz cordel.

Deixe que poemas cresçam além da tela e do papel.





sexta-feira, 13 de junho de 2025

Ritual

 

Quando me sento convido as palavras a sentar comigo.

Deito pratos, guardanapos, talheres de teclado... para recebê-las,

Acomodando-as à mesa.


Trançando, urdindo sentenças, 

Enredando, conspirando, construindo contextos,

Fazendo orações,

Construo, crio sítios, faço fazendas de versos,

Tramas de tecidos de invernos e verões.


Escancarando a alma com ajuda das mãos,

Descortino mares, mundos de memórias e emoções,

Disseco coração.


Almoço e janto ao mesmo tempo

Enquanto as tenho à tela, tábua, 

Lugar de comer letras...

A nutrir sentimentos, 

Passar impressões, saborear sensações. 


Quando me sento evoco, conclamo as palavras

E elas vão chegando... conquistando espaço.

Não pode haver pressa, só calmaria

Para apreciar a densidade das coisas,

Para degustar a iguaria de escrever.


Então me delicio, 

Provo e visto sal e doce 

Da experiência de viver.




  


segunda-feira, 9 de junho de 2025

Louvor


Anda, anda, anda emoção,

Dentro desse velho peito.

Palmilha passo a passo

Toda sorte de sentimento.


Deixa pra lá o que foi,

Não sê lamento.

Caminha, corre, engatinha... voa,

Põe o que possui, toda sorte,

Em movimento.


Sustem sabor, saboreia, degusta tudo.

Recebe dos sentidos a noção,

Soma pulsão e lenimento.


Tateia com a percepção tudo que deve ficar,

O mundo dos mundos que deve partir.

Penetra fundo em interior, põe-se a parir.

Faz de agora em agora um louvor,

Fala, ouve, deixa-te ouvir.


Agradece os presentes, mesmo os inaparentes:

Todos são parte de ti, perfazem o viver.

Coloca-te a mover, 

Cria mais, mais gratidão.


Sê união, 

Une as palmas das mãos,

Eleva ao céu o que a ele pertence

...e vence !


Sê a vitória sutil.

Solta o que partiu,

Olvida a dor,

Abre-te ao novo... 

Mais, mais... a cada instante,

Sempre...

Com amor.



 

sábado, 7 de junho de 2025

Do céu nublado... contente

 

Bate, bate, bate coração...

Dentro do profundo deste peito.

 

Acorda alma agora para, de-mente,

Dançar com coração,

Demonstrando o que contém,

Tudo que sente.

 

Sai, sentimento,

Salta gritante, sai do silêncio.

Faz música e dança doce,

Intensa-mente.

 

Bate, bate, bate coração !...

Põe em papel o que possui de ideia, de emoção.

Do frio de fora faz festa quente.

 

Ignora os reveses,

Trans-forma em vida o que vinha dormente.

Faz de inverno estação de alegrias,

Do céu nublado milagre de claridade,

Um sorrir contente.



quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Da dor e do a-colher

 


Acolhimento acontece quando sequer há anseio de mudança, 

Na aceitação: recebimento ativo de fluxo alheio, natural.

Ahhhção difícil !... 


É no canal de equidade que con-fluímos,

Que verdadeiramente aju-damos,

Sendo, simultaneamente, por outro lado auxiliados. 


Quando nos presumimos melhores já estamos piorados.

Em potência de resultados diminuímos.


Dar de verdade é por-se disponível, amparar, abraçar

Com peito aberto.


Comunicação e entendimento ocorrem quando nos sentimos iguais.

Nem menos, nem mais.


A dor tem a perícia, a mão de irmanar.

Por ela trans-formam-se profundamente relações.


Trans-fusões acontecem quando se sangra junto.




segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Passeio pelo importante



Por aqui passou quem sabia ficar.
Não pulava muros, não empurrava portas, preservava janelas.
Percorria superfícies e profundezas com respeito, apreço, carinho
E conquistava espaços, passo a passo, sem pressa,
Pelos caminhos do peito.

Foi presente... passeando por simplicidades,
Profundidades inaparentes,
Imperceptíveis, talvez, aos não apaixonados.

Palmilhou-me como quem planta sementes,
Com cuidados de lavrador,
De quem quer flor
E sabe que é preciso esperar pra ver brotar.

Como nos desaprendemos, como nos atrapalhamos !
Perdemos-nos sem perceber.
Como encontrar ?

Colhido é fruto de cultivado.

Por aqui passou quem sabia ficar.

É BOMMMM lembrar !



sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Mais que desejo, mais que festejo



Teme sentir saudade ?
Teme diminuir-se ?
Teme o desconhecido ?
Teme alimentar, cuidar ?
Teme doar...
Não ser só festejo ?

É mais que desejo.

Amor vai preencher.
Amor vai ampliar.
Amor vai descobrir... e encantar.
Amor vai dividir, somar, nutrir, unir,
E afirmar, e questionar,
E ofertar... e extrair.

Teme sofrer ?
Amar vai, sim, doer.

E ao demandar maturidade,
Acalentar crescer.