sexta-feira, 13 de junho de 2025

Ritual

 

Quando me sento convido as palavras a sentar comigo.

Deito pratos, guardanapos, talheres de teclado... para recebê-las,

Acomodando-as à mesa.


Trançando, urdindo sentenças, 

Enredando, conspirando, construindo contextos,

Fazendo orações,

Construo, crio sítios, faço fazendas de versos,

Tramas de tecidos de invernos e verões.


Escancarando a alma com ajuda das mãos,

Descortino mares, mundos de memórias e emoções,

Disseco coração.


Almoço e janto ao mesmo tempo

Enquanto as tenho à tela, tábua, 

Lugar de comer letras...

A nutrir sentimentos, 

Passar impressões, saborear sensações. 


Quando me sento evoco, conclamo as palavras

E elas vão chegando... conquistando espaço.

Não pode haver pressa, só calmaria

Para apreciar a densidade das coisas,

Para degustar a iguaria de escrever.


Então me delicio, 

Provo e visto sal e doce 

Da experiência de viver.