Quando me sento convido as palavras a sentar comigo.
Deito pratos, guardanapos, talheres de teclado... para recebê-las,
Acomodando-as à mesa.
Trançando, urdindo sentenças,
Enredando, conspirando, construindo contextos,
Fazendo orações,
Construo, crio sítios, faço fazendas de versos,
Tramas de tecidos de invernos e verões.
Escancarando a alma com ajuda das mãos,
Descortino mares, mundos de memórias e emoções,
Disseco coração.
Almoço e janto ao mesmo tempo
Enquanto as tenho à tela, tábua,
Lugar de comer letras...
A nutrir sentimentos,
Passar impressões, saborear sensações.
Quando me sento evoco, conclamo as palavras
E elas vão chegando... conquistando espaço.
Não pode haver pressa, só calmaria
Para apreciar a densidade das coisas,
Para degustar a iguaria de escrever.
Então me delicio,
Provo e visto sal e doce
Da experiência de viver.