sexta-feira, 5 de outubro de 2018

ObservAÇÃO da natureza



Assisti-a à janela, assustadora.
Ventania veemente que zunia às frestas,
Vibrando vidraças, espancando portas,
Arrancando árvores, subtraindo sossego,
Assaltando a atenção.

Observava o vento, em vagas,
Ondas d'água sovando solo, tinindo telhas:
Sinos ensandecidos, tocados descompassados.

Céu sombrio, mais que cinzento, de um plúmbeo profundo.
Água açoitando coberturas,
Escravas em pelourinho espacial.
Roupas arrancadas do varal,
Viajando além da vista.

Enquanto isso, volitava a violeta.
Delicada, dançava sem susto,
Sustentada em tênues hastes,
Flexivelmente fortes.

Sem resistência, ela oscilava.
Espancada pela chuva, a aceitava.
Sem brigar, bailava ao tom da vida.

Testemunhei, atenta, a cena terna
Em meio a turbilhão.
Amansei o coração.

Em silêncio, pensativa,
Presenciei natureza, uma vez mais,
Sem escola, lecionar,
Sem palavra expor lição.