terça-feira, 27 de novembro de 2018

Eterna-mente em construção



Percebe,
Em vida não há pausa prolongada.
Nem chegada.

Quando parece que se alcançou, já conquistou,
Quando presume-se saber,
Vida vem com suas surpresas.
Presenteia-nos com novidades,
Brinda-nos com imprevistos:
Movimenta-se.

E nos sacode, nos abala... nos acorda, nos anima,
Trazendo outra questão ou exclamando diferente.

Junta na gente um outro ponto, acrescenta componente,
Pede outro passo, implanta nova etapa.
Convida dúvida à casa das supostas certezas,
Põe à mesa inquietação,
Impele a outra ação.

Declara.. ou apenas insinua.
Aponta possibilidades, rotas alternativas,
Sugere revisão, pede apreciação.

A gente junta tijolo, soma argamassa,
Vai sobrepondo tudo, supondo concreto
E, de repente, nota necessidade de janela,
A precisão de outra porta...

E anda a alterar projeto,
A mudar material, tirar, por pessoal.
Rever conceitos, intentos... e demandas.

Percebe,
Toda pausa é parada temporária.

Porque a vida sabe mais.
E tem seus modos - mormente misteriosos -
E suas vias - muitas vezes enviesadas -
De fazer-se arquiteta, mestre de nossas obras.

A verdade é que quando parece que sabemos
É porque é hora de avançar.

Todo ser é um estar
Eterna-mente em construção.