quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Ou-vamos !



Ouva, tu; ouva, você... ouvamos, nós !

É imperativo, de presente mais que perfeito,
Mais que importante.
Conjugação necessária, indispensável.
E um dos meus neologismos presentes.

Vem de ouvir.
Verbo conjugado, assim, inovado, resignificado
Para além da escuta passiva ou surda, inconsistente.
De demanda de dentro, de estar mais atento,
Com todos os sentidos, não apenas ouvidos.
Essencialmente coração.

Ouva, esteja todo antenas !...
A captar senso em silêncio, entre palavras.
A deixar-se educar de outro modo,
Tocar-se sem dedos.

Ouva ! Tente.
Receba sem medo de ferir-se, não se feche.
Perceba o que o outro lhe oferece, primeiro,
Antes de mo-ver-se,
Antes de promulgar sentença.

Permita-se apreender,
Apanhar além dos campos de centeio,
Para, pois, separar joio de trigo,
O que é bem-vindo, pra ser guardado,
Do preterido, pra ser passado.

Ouva, em seu volume máximo de atenção
Para, então, ajustar frequências, selecionar
O que deve ir... ou pode ficar
Dentro de você.



...Ou vamos todos perder.