segunda-feira, 29 de julho de 2019

Do que portamos



Embalagens ambulantes, com-portamos conteúdos singulares,
De plantios, colheitas únicas, plurais, particulares.
Livros que somos, cujas capas desfilamos,
Concebemo-nos capítulos, produzimo-nos, criamos.

Tramas tecemos de instantes somados.
Quanto escrevemos sem a-notar... e sem compreender !
Bocados e bocados guardados distantes do olhar,
Contemos páginas por que muitos irão passar,
Poucos, raros, irão ler.

Textos tantos !...
Profusos erros e acertos, fartos fracassos e sucessos,
Expressos e encobertos, expostos e disfarçados
Entre-linhas e palavras.

Sentimentos, seus fermentos,
São agentes, seus gatilhos, seus culpados.
Operadores, propulsores, ignições.

Invisíveis, impalpáveis, abstratos,
Surdos do fitar, ocultos do contato,
Disparam.
Coordenam e condenam enredos,
Nos enredam entre escolhas, em ações.

O que fazer ?

Belo volume andante
Ou, mais que efeito esbelto de estante,
Boa biblioteca ?!

O que fazer ?

Bonito tomo ou história co-movente,
De humanidade de verdade
De inspirar, alimentar, apreciar...
Viver ?!