quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Interligados



Posso senti-lo. Sim, posso alcançá-lo...  sem divisa-lo com estes olhos visíveis, sem que vislumbre o corpo que o carrega. Uma essência vibra, lateja à distância física. Pulsa e me atinge, pulsa e me toca... num ver que avista em sentido inverso, com objetiva interna, sem objeto diante das lentes. Um saber sensível e forte: sutil, com emoção.

Posso sentir sua alegria, que se faz minha e me expande. Posso sentir sua tristeza, que me alcança tal qual lança. Abraça-me seu bem-estar, contagia-me seu riso, abate-me sua dor. Apanho também do que lhe bate. Sei de seu choro que não verte evidente. Sinto... e sofro, imensamente. Melhor dizer, imensalma.

Posso sentir sua solidão, independente de seu redor. Posso saber de si sem conversas, sem bocas ou sons, sem intérpretes, sem palavras... qual impulso, onda, sinal. Algo me assalta, vibrante, ecoando em meu conjunto. Assim, não me permito duvidar de sermos um... maior... que o estar. De inferir que a eternidade é nossa. Esta uma etapa.

Não é preciso ter pressa, mas tento nos passos.
Não é preciso correr... mas olhar com algum vagar... de modo a não passar, só.
Não é preciso fugir... mas aceitar... para seguir. Paralisar-se é perecer.
Se nadar é preciso, ideal mergulhar mais fundo em si... para emergir melhor.

Vital dar de comer ao ser de dentro, que tem fome de saber, viver, crescer. Olhar para esse corpo com carinho... e consciência... de não ficar aqui. Alimentar também o que vai sob essa roupa aparente, carne somente. Abastecer o que sustenta é mais !

Há elos impalpáveis e laços entre nós.