RETRATOS de LITERATURA ILUSTRADA - Prosa & Poesia & Fotografia
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Hi-atos
Entre desejos e realizações há hiatos, intervalos preenchidos por atos - precavidos ou imprudentes, ponderados ou insanos, bem ou mal fundamentados... imersos em certezas ou emergentes de intenções.
Entre o anseio e o fruto, o discurso e o feito, há espaços... inerentes ao sujeito - ativo na conjugação dos verbos ou passivo na oração. Idear dá a largada, inicia o processo que avança com ação. Formar, construir, transformar demanda mais: o movimento, atuação.
Melhoria não é magia, locução de instante, mero ensejo do desejo. Progresso pede etapas, não se oferece de bandeja, não se serve em prato, pronto. Resultados consistentes são consequentes, produtos de edificação. Requerem exercício, ordem, repetição regrada: dedicação.
O que é vida senão uma sequência de passadas, uma corrida de obstáculos... em que se pode - e deve - atentamente andar ?!
E o que são sonhos senão impulsos... que carecem de cimento, energia aplicada e renovada em movimento... a atar tijolos, criar concreto... de pensamento, sentimento e pés no chão ?!
Somos processos em andamento. O universo opera fazendo ofertas, proposições, conciliando, acordando, sentenciando a todo tempo. Faculta-nos a forma de aceitar, rejeitar, burilar o concreto e a emoção. Mas como ganhar e manter força sem treinamento, sem algum exercício "de peso", alguma dor, "musculação" ?
Pílulas, pós, cápsulas... sonhos: podem ser estimulantes sensacionais, complementos ideais... ou simplesmente distração.
Sem diligência, sem desvelo, sem empenho associados, podem ir além do sonho, podem ser mais que ilusão ?