quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A arte e os Grandes Mestres



As concepções de beleza se alteram, trajando diversas vestes, vestindo numerosas faces. A arte assume muitas formas. Categorizar ou julgar não é simples. Há um algo mais que se soma às linhas e notas, ultrapassando técnicas, escolas, academias. Algo que não diz respeito apenas a contornos, cores, nuances. Além deles, a expressão do belo, o que o torna arte ou faz de alguém um artista, conta com um caráter, um indício etéreo e imanente.

Força, intensidade, emoção: a energia tem sua própria linguagem e pode ser expressa por vias e modos vários. É transmitida em espaços, interstícios... indelével como um sopro... que toca, afeta, sensibiliza. Verte, propagada em suspiros, exclamações naturais de uma insônia interior: ânsia de vida. Em erupção íntima, acorda... despertando o que contém... em mais alguém. Marcando além de si, ainda que por um instante. 

Ocorre com músicas, pinturas, textos. Ocorre com gente. Também fora das telas, longe das pautas e pincéis, criamos, produzimos... em tempo real. Interpretando muitos papéis, somos os lápis, os traços, as tintas e as texturas de nossas histórias. Escrevemos, colorimos, moldamos... em matéria, carne e emoção.

Há quem, indo além do exercício de um ofício formal, faça-se artista da existência. São seres que transitam colorindo caminhos, exalando perfume. Que, imperfeitos, perfeitamente humanos, deixam rastros de doçura, delicadeza. Seres que se esculpem e assim somam, que doando de si são capazes de multiplicar o outro, melhorar o redor: são humanos e divinos.

Essas obras primas ambulantes, sem molduras imponentes, adornam paredes de almas, têm seu lugar em estantes da memória da emoção. Influenciando mentes, catalisando mudanças, enternecendo corações, inscrevem seus nomes na galeria de outro alguém. Não importa que não estampem revista ou listagens de artistas: esses são os Grandes Mestres.