segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Forma mudando conteúdo



Experimentar a vida ou viver a experiência da existência ? Isso é mais que uma brincadeira com termos, mais que um jogo de palavras. Correr-lhes o olhar não é suficiente para abraçar suas possibilidades. Tão pouco liberar seus sabores e perfumes, a essência de unidades e conjunto. Em estratos, essa oração tem substratos. Mais que uma casca, tem conteúdo a absorver. O que pode ser viver ?

Engolir não basta. A boa digestão pede que se mastigue. Há elementos que merecem o carinho de um passeio mais demorado, o afago das papilas da atenção: degustação. Alimentar-se não é o mesmo que comer. Consumir e nutrir-se não são a mesma coisa. E as locuções, em sua maioria, são partículas complexas que, assim como vitaminas ingeridas, podem não ser completamente incorporadas à experiência, à vida.  

Apreender é captar, abarcar, compreender... e introjetar. Não combina com engolir. Não deve ser só deixar passar, deixar descer. Apesar de parecer, assimilar não é passivo, pede exercício... de pensar. Requer reparo, tento... que demanda movimento. Reclama vontade... de apreciar os componentes, calmamente... descobrindo, liberando conteúdos, integrando nutrientes. 

A macroscopia mostra pouco. Não ultrapassa membranas, não expõe material genético, não declara o que pode transmitir. A estrutura de um elemento vai além do aparente. Há preciosidades na bagagem das palavras, há componentes valiosos nos alimentos. A forma de ingeri-los pode transformá-los totalmente.

Experimentar a vida ou viver a experiência da existência depende de como o homo, nem sempre sapiens, incorpora os elementos e assimila essa equação.