RETRATOS de LITERATURA ILUSTRADA - Prosa & Poesia & Fotografia
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Paisagem interior
De onde vêm nossas tintas ? Não, a interrogação não trata das cores aparentes, dos traços patentes ao olhar. De onde vêm as tintas da paisagem interior ? Como pintamos esse lugar que mesmo nós pouco enxergamos ? Como se compôs, como se congrega a coletânea não exposta, não em mostra permanente ?
As paredes que nos sustentam têm mais que a face manifesta, pública, evidente. Externamente estampam-se gravuras livres à visitação. Internamente há material de esteio, arrimo não notório. É com esse conteúdo que entendemos o alheio e construimos a visão do redor.
Com tintas coletadas dos elementos que nos circundam, material colhido pelos sentidos, antenas conectadas ao meio em tempo integral, traçamos e guarnecemos telas internas. Através delas, pintadas a pinceladas invisíveis, moldamos a existência.
Essa coleção começou sem nosso conhecimento... racional. Muito provavelmente antes mesmo de dada à luz. O intercâmbio se processa desde então. A oferta verte, o acolhido e processado reverte. O mundo como conhecemos e a partir de onde nascem os atos, têm os óleos, os pigmentos e as águas dessa história de trocas.
Podemos atribuir o que somos ao passado. Podemos imputar a situação do momento às pinceladas antecedentes - e mesmo inconscientes - e às cores utilizadas atrás. Não podemos, entretanto, abrir mão deste presente: potencial de buscar outras tintas, renovando a paleta... e o afresco a seguir.
Com que tintas, atual-mente, você se pinta ?