sábado, 16 de agosto de 2014

Saber



O que sei é assim... certeza de um agora, que muda a cada instante.
Porque todo saber é relativo, condicionado, e passa... somado ao novo, à experiência seguinte, ao plus do depois.

O universo sabe ensinar. Quando pensa-se saber ele acena com algo mais que... oferece novidade, mostra de outra forma, apresenta alternativa, aponta outra abordagem, gera dúvida, acrescenta, oculta, impõe mais uma exclamação: declara que o que era talvez possa não ser.

O que sei é assim, menos de mente, mais de alma, coração... porque tem força propulsora... e institui questionamento dos motivos da razão. Proficiência essa que nem sempre abarca tudo com conceitos, definições, comprovações objetivas, por matéria ou equação.

O que sei é assim, empírico, da vivência de dentro, um lugar misterioso, mal explicável, impreciso... que pulsa, brada sem som... e serve de guia. Bússola que aponta sem agulha, uma espécie de GPS por satélites insondáveis, sistema operacional não racional.

O que sei é assim, virtual e concreto... como o tempo, como o sentimento, como a emoção. Frágil e potente o suficiente para mover e renovar constantemente, dando impulso, gerando poder, transformando sem parar.

O que sei é assim, confortável, num instante... podendo ser inquietante... a seguir. Algo que se faz suficiente e, contudo, entre tanto, declara-se pouco, após... apontando para um mundo de mais, desconhecido, sem fim aparente.

O que sei é assim, pungente e célere, perene e provisório, revestido da intensidade do momento e efemeridade da relação.   

O que sei é que procuro. Vislumbro o claro, avanço o escuro. E quando acho não o possuo... senão por época, etapa... pedaço de espaço, intervalo indefinido, ocasião.
O que sei é que sondo, indago. E diz-se que quem busca acha... de algum modo.
O que sei é que é mais que antes, menos que gostaria... mas, espero, melhor !
O que sei é assim, causa e consequência, fruto de ação e reação, lógica e crença... que maduram: agregado de cabeça e coração.
O que sei é que daqui a pouco não atinarei como agora. E que, então, esse qual for - momentâneo - deve bastar. E que, ainda assim, devo seguir, a inquirir, e não parar... sob pena de perecer.

O que sei é assim: vivo e mutável... como eu sou.