quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Suicídio



Que dor é essa, tão brutal, imprópria, que mata... com o próprio consentimento ?

Que dor é essa capaz de infligir ação fatal, impetrar, cometer, executar torpe ato de adeus ?!

Que dor é essa que, antes, já abateu, já liquidou, já perpetrou a morte em vida ?!

Que dor é essa, sombria, ululante, cujo grau de sofrimento destruiu, já devastou, promoveu falecimento de ente ainda ambulante ?!

Que dor é essa, tão intensa e lancinante, que gera força de gesto, opera rito errante, de modo a encerrar, antecipar o fim ?!

Que dor é essa, descomunal, que desaloja o ser da estase, não comporta mais a espera, obriga ao feito, com intenção de analgesia ?!

Que dor é essa, covarde e valente, poderosa o suficiente para minar a energia de persistir ?!

Que dor é essa, tão atroz, que rompe os laços vertendo sangue, ceifando nós ?!

Que dor é essa que corrompe ordem, muda valor... e não permite, corta; não oferece, tira... tudo ?!

Que dor é essa, de tamanha valentia, que tem força para fazer, levando o pouco que restava do muito que queria ?!

Que dor é essa, de tamanha covardia, que exime culpa, que elimina auxílio, extingue chances... de prosseguir em lida, em luta, em vida ?!

Provavelmente a dor do limite, da solidão profunda, do vazio excruciante... que furta viço, vontade, razão, destemor... apagando a esperança.

Que dor, que dó, desgosto, angústia... assistir à noticia dessa ação de extremos da emoção !

Falece quem vai... náufrago da dor, fragilidade, solidão. Adoece quem fica... com o pesar da perda, algia do luto, agonia das dúvidas.