quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Únicos e iguais... e, unidos, mais



Somos todos um tanto carentes, um tanto valentes, sábios e insanos: humanos. Em algum momento, todos já nos sentimos frágeis e invencíveis. Em algum momento todos já nos sentimos solitários, perdidos em dúvidas, ansiosos ou com medo. Também, a algum tempo, auto suficientes, certos, decididos, destemidos. Somos naturalmente mistos... quentes ou frios, a depender das condições de volume e pressão.

Tendemos a enxergar deméritos alheios com rapidez e acuidade apurada, de lupa, enquanto os olhos de ver-se inclinam-se, mais complacentes, a envergar lentes escuras, com certos filtros de "luz". Somos humanos: cheios de sonhos e planos, qualidades e defeitos, acertos e enganos. O pacote de cada um é único, composto dos mesmos ingredientes. A mistura, variada, faz os bolos diferentes.

Somos humanos... e cremos ser especiais. Não queremos ser iguais. O sabor da satisfação é altamente intensificado pela exclusividade. As papilas do eu disparam o gatilho da sensação de recompensa mediante o que é ímpar e sobressai. Assim, a similaridade que deveria aproximar frequentemente afasta... em disputas por pedestais.

É preciso ser mais !... Mais que o outro, melhor, superior, destacado em algum quesito que possa acenar um andar acima. A hierarquia, ainda que velada, não explícita, é desejada... até mesmo no universo do crime e do mau.

É preciso ser mais ? E a paridade, cabe só aos "perdedores", traja só os desvalidos ?

Cremos ser especiais... e somos. Porque temos potenciais, porque somos capazes. A competição é saudável... ao basear-se em si, em crescimento intrínseco, em desafio dos próprios limites. Aí, sim, vitória verdadeira, que beneficia a todos: o ganho deixa o singular para abastecer o coletivo. Sobrepor-se ao outro, simplesmente, parece não ser suficiente para sustentar nossas bandeiras.

Somos humanos... e aprendemos. A equidade que afasta poderia, deveria aproximar. Porque cada unidade, com suas particularidades, deseja igualmente, simplesmente, ser feliz. E para isso não é imperativo superar o outro, mas a si mesmo.