quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Relações - Posse & Poder



Geralmente não nos satisfazemos em ter parte de algo, queremos ter o todo, ter tudo. A lição de dividir é uma das mais difíceis de aprender, de incorporar. Pior quando envolve pessoas. Pior quando as entendemos como coisas, objeto de controle e de posse.

Temos dificuldade em administrar o convívio sem sucumbir à tentação de domínio, sem buscar fazer dos parceiros uma parte de nós. De algum modo tentamos colocá-los sob nosso julgo, de forma que sejam parte de nossas vontades e nossa natural extensão. É uma maneira de nos sentirmos fortes. Com alimento que não nutre, não sacia... mas vicia.

O controle parece nos fazer poderosos. O comando e a posse confundem-se com sentimentos de superioridade e invulnerabilidade. São irreais. Promovem satisfação e conforto momentâneos, que não se sustentam. E pedem mais. E pedem sempre. E cobram. E asfixiam. E saturam. Adeus respeito ! O equilíbrio, nessa gangorra de dois lados, reivindica exercício incessante.

As relações de posse só existem à custa de alguém, em detrimento do outro. Não são relações naturais de doação e troca, mas de cobrança e recriminação. Perduram até o momento em que entendemos que podemos ser um mais forte sendo dois unidos, sem anular alguém.

Deixam de existir a partir do momento em que compreendemos - e aceitamos - que ninguém nos pertence. Quando percebemos que dividir não tira, mas acrescenta... e que muitas vezes é preciso ceder para somar. Para sermos mais não precisamos de um outro diminuído. Posse não é poder. Maior poder é apoderar-se... de si.

Fácil ? Nada disso !...
Mas felicidade parece mesmo não admitir acomodação.