quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Convites



A vida vive fazendo convites. De vários a gente sabe e muitos ignoramos. Uns a gente acolhe, uns passam despercebidos, outros mesmo desprezamos. Uns são ensaiados, avisados... outros aportam de repente. Alguns vêm velados, camuflados, embrulhados em papéis... que nem sempre são de festa. Outros acercam-nos estampados, coloridos, reluzentes, esfuziantes, alarmantes. Ainda assim, o ser  alheio, desatento, pode ser surdo... a sinais.

Enquanto há os que surgem mansos, doces como abraços, vestidos de sorrisos, alguns se impõem, exclamando presença, em aparência de força, sem espaço para pausas ou muitas considerações. Adentram a sala do momento, o quarto da etapa, a cozinha da vivência... sem bater palma, tocar campainha. Não pedem ou permitem r.s.v.p.: não há muito a escolher ! Assim, levam seres, quebram contratos, mudam caminhos... deixam saudades !...

Há convites que não chegam pela frente, que não entram pela porta. Há os que pulam janela, os postos nos tapetes, os esquecidos nas caixas... os que fazem-se despejo. Alguns vêm bem endereçados, portando mensagens claras. Muitos acontecem codificados, sequer têm remetente. Viajam tempo, percorrem páginas... de vidas secas, pobres, ricas, passadas... para escrever outras histórias, compor novos capítulos, promover reedições.

A vida vive convidando. Vai mandando... envelopes selados, carteiros disfarçados... sinais de fumaça, mensagens por terra, por água... por ar. Quem sabe, por que instrumentos mais ?! Há quem diga que as mensagens indispensáveis, mais importantes, que os convites mais marcantes venham via coração. Que ofereçam-se cifrados, impalpáveis, sem cartão.

Pelo sim e pelo não, esse é um convite... a prestar mais atenção.