RETRATOS de LITERATURA ILUSTRADA - Prosa & Poesia & Fotografia
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
Humanidade
Não, infelizmente não sou a pessoa que gostaria. Talvez, espero, apenas ainda não. Será ? Olho para trás e vejo, sim, mudanças, melhorias. Muitas. Mas, de repente, do alto de um aparente equilíbrio, surge uma porção de eu das profundezas. Uma fraqueza aflora, um descontrole atropela... atestando a humanidade. Mostrando que equilíbrios são temporários, como tudo mais.
Essa porção de eu é um lugar que preferimos ignorar mas que nos habita. Uma espécie de poço escuro, "desativado", esquecido, abandonado lá no fundo do quintal. Um anexo não exposto, que está lá, mas jamais à frente, no jardim.
Um vento às avessas e sua tampa é levantada. Às vezes arremessada longe, fazendo barulho, assustando a gente... que desperta, acorda momentanea-mente do sono... ou da ilusão. Precisamos, muitas vezes, que o chão trema ou a pele arrepie para nos darmos conta do que deveríamos saber. Ou do que sabemos... sem sabê-lo.
É do homem atender a holofotes, desatentar ao mais sutil. A luz que nos alcança por frestas ou pequenas aberturas nem sempre é suficiente para iluminar mais que o momento: não lança claridade à mente, tocando o coração, gerando e imprimindo entendimento.
E desce tampa, e sobe tampa e a vida vai seguindo. Há fases de mais satisfação com quem se é, ou com o que se está. Há tempos de imperiosa procura, investigação interior, busca por upgrades, exercícios de superação. E épocas de deixar rolar, correr... para ver onde o rio leva. Mas, ah, a mudança é a constante da jornada ! E quem não anseia ser variável que resolve a equação ?!
Brinco de esconde-esconde com a esperança. Ela surge e me estimula nos momentos mais interessantes. E depois torna outra vez a velar-se, sair da cena consciente. Não, infelizmente não sou a pessoa que gostaria, não conheço esse céu. Mas, quem sabe, essa dança entre tentativas e esperança ainda me leve lá.
Será ?